Como a grande maioria das pessoas que seguem esse blog sabem que eu sou professora de Língua Portuguesa e Filosofia. Este ano estou trabalhando com aulas de Português no ensino fundamental II (6º ao 9º) e tenho a oportunidade de trabalhar em uma escola que possui 4 alunos especias e 1 inclusive tem a Síndrome de Down, que por sinal é uma graça de menino.
Hoje em todas as salas eu parei com a matéria uns 20 minutinhos antes do término da aula e tive com eles uma conversa bem leve e descontraída sobre a síndrome, o preconceito, a inclusão, a minha experiência pessoal, os meus desafios como mãe de uma criança especial, indiquei a leitura desse humilde blog, enfim, fiz com eles o que todo educador deve fazer.
Estamos em um momento que o professor deixou de ser aquele que só transmite conhecimento. Professor hoje tem uma missão ainda maior: sanar as pendências que a família e a sociedade caótica deixa em nossos jovens e crianças. Eles estão carentes são só de conteúdo, de conhecimento, mas falta-lhes o mais importante em uma pessoa: a educação, a solidariedade,humanidade, a consciência da vida como um todo, o respeito e outros conceitos que estão fora de moda hoje em dia.
Talvez o que eu vou dizer agora, possa chocar algumas pessoas, mas penso que estou no direito de dar a minha impressão e opinião sobre um fato do qual eu tenho bastante autoridade para falar, não dizendo é claro que sou a dona da verdade, pois isso ninguém é!!!
Sei que é muito importante termos o dia Internacional da Síndrome de Down, mas penso que se vivêssemos em uma sociedade menos contaminada com tanto preconceito e podridão, uma sociedade imbecil que julga as pessoas com maldade e pela sua aparência, não seria necessário um dia como esse. Se a sociedade fosse solidária, se as pessoas olhassem para o próximo como olham para si mesmos e se as escolas fossem realmente inclusivas, não precisaríamos de datas comemorativas nem para a Síndrome de Down e nem para nenhuma outra necessidade especial. Se realmente houvesse respeito e esse respeito fosse ensinado no berço das famílias, nós não teríamos uma sociedade tão preconceituosa e vazia.
A ignorância é tamanha que até pessoas que se dizem educadoras são contrárias a inclusão. A falta de conhecimento é gritante, até mesmo no meio de pessoas que se dizem educadas e estudadas. O preconceito cega e cala pessoas que poderiam lutar por uma sociedade melhor e realmente inclusiva. O preconceito ceifa os direitos das pessoas ditas especiais, pessoas que a sociedade no passado preferiu esconder e depois amontoar em associações e escolas especiais. É mais fácil separar o que incomoda, não é?
Acredito que como disse o grande filósofo Platão: "a humanidade ainda está acorrentada à uma caverna escura, privando-se de conhecer a luz do sol e se contentando em acreditar que as sombras projetadas no interior dessa caverna é a verdadeira realidade".
Precisamos de pessoas que se aventurem a sair da caverna para vivenciar o prazer de descobrir a luz do conhecimento e de ter a coragem para voltar a caverna escura e resgatar os que lá ficaram.